Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

Nossa Senhora das Graças


Catarina Labore, a nona filha do casal Pierre e Madelein Labouré, que tiveram 17 ou 15  filhos, segundo algumas fontes, que criaram além da infância, 10 deles. Catarina nasceu em 2 de dezembro de 1806, no lugarejo de Fain-les-Moutiers, não longe de Dijon. Embora filha de pais instruídos acima da média, ela não se interessava pelo estudo e nem pelo que se passava pelo mundo. A sua capacidade intelectual era medíocre, sendo sempre alvo de troça por parte dos mestres e colegas.

Catarina aos 9 anos de idade, assumiu a responsabilidade de toda a família (há dúvida desse acontecimento, se antes ou depois da morte de sua mãe).Tempos depois, não se sabe bem porque, Catarina foi entregue aos cuidados de parentes.

Ainda adolescente, Catarina manifestara desejo de ser freira, porém seu pai não permitiu, alegando seus sentimentos anticlericais. Entretanto, Catarina não desistiu de sua idéia e em 21 de abril de 1830, aos 24 anos de idade, superando todas as dificuldades intelectuais e a resistência da superiora, foi admitida como postulante das Irmãs de Caridade em Chantillon, tendo sido encaminhada ao convento na rue du Bac, em Paris.

Catarina ainda não se integrara, como postulante, aos serviços braçais de esfregar o chão e lidar com a água suja, quando foi chamada para participar de procissão que trasladaria os restos mortais de São Vicente de Paulo, fundador da comunidade, da Catedral de Notre Dame para a sede dos lazaristas, ordem, também fundada pelo santo. Ela contou, a algumas irmãs, ter visto no convento, o “coração” de São Vicente de Paulo brilhar intensamente acima da vitrine que continha algumas relíquias dele. Por este fato, Catarina foi advertida pelo padre Aladel, mentor ou confessor dela, de que estava no convento para aprender a “servir os pobres, não para sonhar”. Foi-lhe recomendado o maior sigilo.

Apesar das advertências do padre, Catarina não fazia segredo do fato de desejar com fervor ver a Virgem Maria e rezava diariamente por essa graça, ajudada por São Vicente de Paulo.

Às onze e meia da noite do dia 18 de julho de 1930, véspera da festa de São Vicente, Catarina fói despertada por uma voz que a chamara por três vezes pelo seu nome.Despertada, viu “um menino de uns 4 ou 5 anos, de brilhantes cabelos loiros, envolto numa luz dourada e vestido de branco”. Existem diversos relatos do que aconteceu em seguida;  com base neles, o autor de “As Grandes Aparições de Maria”, Ingo Swann, reconstruiu o seguinte:

_"Levante-se – disse o menino – Minha irmã! Minha irmã! Venha depressa à capela. A Virgem Santíssima a aguarda” ( La Sainte Vierge vous attend!).

_Como poderei ir até à capela, sem despertar as outras irmãs?

_Não tema – respondeu o menino – Todas estão dormindo. Vou com você.

Catarina segui-o pelos corredores e ao caminharem “as luzes” acenderam-se (talvez velas), deixando-a atônita. Dizem os relatos que o menino seguia à esquerda dela, um pouco à frente e ele estava cercado de raios de luz.

Abriu-se sozinha a porta da capela e seu interior estava todo iluminado "como se para a missa da meia-noite". Quando entraram na capela Catarina não viu a Virgem Santíssima em lugar algum, porém o menino conduziu-a ao sacrário, ao lado da cadeira do diretor e aguardaram. Catarina estava nervosa e apreensiva, temendo ser descoberta e punida.

Á meia-noite, contou Catarina, “ouviu um ruído como um frufru de um vestido ou o farfalhar de muitas saias de seda”. "Vi" disse ela, “sentada na cadeira uma Senhora que parecia mais uma dama de fino trato que uma santa”.

-Eis a Virgem Santíssima – disse o menino – Ei-la.

Catarina estava perplexa quando a Senhora começou a falar.

 O principal historiador de Catarina, Jules Chevalier, forneceu a versão aceita oficialmente.

A cadeira ainda é conservada no convento

 

A Senhora começou:

Minha filha o bom Deus quer encarregá-la de uma missão. Você terá que sofrer muito, mas superará os sofrimentos ao refletir que tudo que faz é para a glória de Deus. Será atormentada até dizer ao que está encarregado de orientá-la, será desmentida, mas não tema, pois terá graça. Conte com confiança tudo o que se passa aqui e em seu íntimo. Conte tudo com simplicidade. Não tema. Maus tempos vão acontecer, calamidades vão se precipitar sobre a França, o mundo inteiro vai mergulhar em infortúnios. Aproxime-se, filha, ao pé do altar. Aí graças serão derramadas sobre todos , grandes e pequenos, que as peçam com fervor. Graves perigos, para esta e outras comunidades religiosas acontecerão. Quando estes chegarem, você recordará minha visita e terá a proteção de Deus juntamente com toda a congregação”. Com lágrimas nos olhos a Senhora prosseguiu: “Haverá vítimas entre o clero de Paris. Minha filha a cruz será desprezada e pisoteada pelos maus”.

Catarina imaginava quando tudo isso aconteceria e descobriu que sabia. Alguns acontecimentos seriam logo, outros dali a quarenta anos (1780).

 

A Senhora continuou:

Estarei sempre protegendo-a, conceder-lhe-ei graças especiais e a todos que as pedirem, mas é preciso rezar”.

 

Nesse momento, a aparição sumiu como uma nuvem que se evaporou. O menino reconduziu-a ao quarto. Eram duas horas do dia 19.

Pela manhã Catarina contou que vira e estivera com a Virgem Santíssima e por isso foi hostilizada e chamada de louca, seu confessor, padre Aladel, condenou-a e ordenou-lhe que parasse com essas histórias histéricas e que se quisesse homenagear Nossa Senhora, imitasse as virtudes dela e se livrasse de suas imaginações.

Passados oito dias os acontecimentos se precipitaram, o rei Carlos X foi destronado, entre 26 e 28 de julho, como a Senhora havia previsto, graves calamidades vieram à tona como barricadas montadas nas ruas de Paris, distúrbios por todos os lados com matança de muita gente, saqueadores invadiram igrejas, crucifixos quebrados e pisoteados, e houve quem defecasse e urinasse sobre eles. Como a Senhora predissera, o arcebispo de Quelen foi agredido e despojado de suas vestes e por duas vezes teve de fugir para salvar sua vida.

Como a Senhora havia prometido, o convento das Irmãs de Caridade na rue du Bac foi carcado por uma multidão enfurecida que atirou em sua direção, enquanto outros edifícios religiosos foram incendiados e destruídos . O convento da rue du Bac foi poupado.

Assim todas as predições de 1830 foram se realizando, trono derrubado, outro arcebispo, monsenhor Affre foi morto a tiros nas barricadas da revolução de 1848.

Em 1870, quarenta anos mais tarde monsenhor Darboy, então arcebispo de Paris, foi assassinado no começo da guerra franco-prussiana.

Na ocasião da primeira aparição Catarina ouviu que teria uma missão. Só quatro meses depois, no dia 27 de novembro de 1830, às cinco e meia da tarde, Catarina ouviu um farfalhar de um vestido de seda, que vinha do púlpito perto do quadro de São José. Virando-se naquela direção ela viu a Virgem Santíssima flutuando perto do quadro. A Virgem estava trajada de branco e tinha um véu branco que cobria-lhe a cabeça e descia dos dois lados até os pés. Tinha o rosto descoberto, e este era de uma beleza arrebatadora. Tinha os pés apoiados em uma esfera branca onde também havia uma serpente verde com manchas amarelas.

Em volta da Virgem havia uma moldura oval dentro da qual  estava escrito em letras douradas: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Trazia em suas mãos uma pequena esfera de ouro encimada por uma cruzinha dourada que representava o mundo. Em seus dedos anéis com pedras preciosas que emitiam raios deslumbrantes que inundavam a base de modo que não se via mais os pés da Virgem Santíssima. Nesse momento Catarina ouviu a voz da Virgem dizendo-lhe: “Esta esfera que você vê representa o mundo inteiro, em especial a França e cada pessoa em particular”.

 

“Estes raios representam o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas esqueceram de pedir”. De repente a esfera dourada desapareceu no brilho dos feixes de luz, suas mãos voltaram-se para fora e os braços inclinaram-se sob o peso dos tesouros de graças obtidas.

Então a voz disse: “Mande cunhar uma medalha com este modelo, todos que as usarem receberão grandes graças e devem trazé-la ao pescoço. As graças serão abundantes para os que a usarem com confiança”. No reverso da medalha, Catarina viu um grande M encimado por uma barra e uma crus: abaixo do M estavam os corações de Jesus e Maria, um coroado de espinhos o outro traspassado por uma espada.

Nesse momento, a aparição desapareceu “como uma vela que se apagasse”.

A mesma aparição da Virgem a Catarina repetiu-se quatro ou cinco vezes. A última foi em janeiro de 1831 e nela a Senhora disse que Catarina não a veria mais, porém com freqüência ouviria: “minha voz em suas orações”. Catarina conservou o silêncio voluntário pelo resto de sua vida.

A postulante Catarina Labouré tornou-se irmã Catarina em 30 de janeiro de 1831, pouco depois da última aparição de Maria. Pouco antes de sua morte em 31 de dezembro de 1876, pediram a Catarina para confirmar se, na verdade, foi ela quem viu “la Sainte Vierge”. E ela confirmou.

Em 1895, foram concedidos à Medalha Milagrosa missa e ofício próprios dentro da liturgia católica romana. A casa em que Catarina passou sua infância hoje é um museu.

 

Em 1933, o corpo de Irmã Catarina, que havia muito tempo sepultado, foi exumado e o exame médico considerou-o em perfeito estado de conservação. Seu corpo incorrupto foi trasladado para a capela do convento da rue du Bac onde, durante algum tempo pôde ser visto através de um vidro protetor. Hoje encontra-se sob um altar construído no lugar da primeira aparição da Virgem, onde recebe mais de mil visitas por dia.

 

 

 

Em 1947, o papa Pio XII canonizou Santa Catarina Labouré. Milhões de Medalhas Milagrosas se espalham pelo mundo inteiro.

 

 

Umas das principais formas de veneração desta santa é a novena perpétua (rezada semanalmente) em honra de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Iniciada em 1930, na Filadélfia, é rezada em mais de cinco mil igrejas espalhadas pelo mundo todo.

 

 

 

As imagens dos corpos incorruptos de Santa Catarina e de São Vicente de Paulo.